O empreendedorismo já existe há muito tempo. Muito antes de ter uma seção de livros nas maiores livrarias do ramo, canais no YouTube e palestrante especializados. Muito antes ainda dele ser discutido na academia e nos textões das redes sociais. Muito antes de Adam Smith, Karl Marx e muitos outros tentarem explicá-lo, defendê-lo ou demonizá-lo. E principalmente, muito antes dele ter esse nome pomposo e chique: empreendedorismo.
O empreendedorismo, ou qualquer outro nome que você queira dar existe desde que a humanidade surgiu por um simples motivo: nós sentimos fome (e sede, e frio, e qualquer outra das necessidades básicas que uma pessoa possa sentir). E é isso que nos move.
Para o estudioso Joseph Schumpeter - olha os teóricos aí de novo - “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais.” Ou seja, basicamente o empreendedor é aquele que faz alguma coisa para que alguma outra coisa seja produzida. O homem que saiu das cavernas para construir a primeira choupana foi um empreendedor. Aquele que assou o primeiro animal abatido no fogo também o era. Aquele que inventou a roda, que descobriu que o couro curtido poderia ser uma proteção para o corpo, que fez a primeira lança, o primeiro arco e flecha, o primeiro tacape também.
Ou seja, desde o início da humanidade o que guiou o ser humano para a trilha do empreendedorismo foi a necessidade de sobrevivência, um instinto animal e visceral que faz com que todos nós busquemos forças onde achamos que não temos para sobreviver.
É por isso que amamos histórias de superação e dificuldades, por isso que nos inspiramos naqueles que começaram do zero, no meio de diversas dificuldades e do desespero para atingirem algo. Porque sabemos, mesmo que apenas inconscientemente, que essa é a maior mola propulsora do empreendedorismo.
E é por isso que muitas vezes vemos casos de pessoas altamente estudadas, que fazem planos de negócios elaborados, 25 versões do canvas, têm uma dúzia de mentores e até investimentos e não conseguem tirar suas ideias do lugar, enquanto outros que aparentemente não fazem ideia do que estão fazendo, mas simplesmente vão lá e fazem, e com sucesso.
Porque os segundos estão com fome, enquanto muitas vezes os primeiros estão empreendendo nos seus tempos livres, ou no conforto da casa dos seus pais, com a internet e as contas pagas, ou ainda bancados por poupudos investimentos que não o fazem se preocupar com as contas que estão vencendo.
Portanto, salvo raras exceções, o empreendedor que não sente fome vai fracassar no seu projeto, porque lhe falta o maior de todos os combustíveis, e que vem impulsionando a humanidade desde que descemos das árvores: a necessidade de sobreviver.